Se você é gerente ou diretor de Comunicação Corporativa ou Marketing em uma indústria ou multinacional, este texto é para você. Quando uma produtora audiovisual não entende o seu negócio, o risco é alto: o resultado entregue frequentemente é um vídeo genérico, que não foge do rotineiro e, pior, muito parecido com o que seus concorrentes já fizeram.
Na indústria, onde plantas fabris, cadeias logísticas, compliance rigoroso e cultura de segurança são regras do dia a dia, a criação de um conteúdo audiovisual exige mais do que criatividade: exige precisão, exige vivência. Sem um mergulho aprofundado na realidade operacional, regulatória e nos públicos de interesse, seja o time de chão de fábrica, distribuidores ou demais stakeholders, a narrativa simplesmente se torna mais do mesmo.
Imagine uma fabricante de componentes automotivos que precisa de um vídeo institucional para apresentar sua operação a parceiros internacionais. Se a produtora não entende que esse conteúdo será assistido por engenheiros técnicos e gestores de compras que precisam de dados, confiabilidade e especificidade, o risco é produzir um vídeo visualmente bonito, com imagens genéricas de banco de imagem e frases prontas sobre inovação, ou seja, um material que poderia ser de qualquer empresa do setor.
Mas, se a produtora entende o nível de exigência desse público, ela vai buscar destacar diferenciais concretos como tolerâncias milimétricas, certificações, índices de rejeito, impactos no desempenho final dos veículos, entre outros. E é então que o vídeo se torna uma peça estratégica de posicionamento técnico e comercial.
Por isso defendo tanto que as produtoras audiovisuais precisam sair daquele lugar apenas operacional. Elas precisam se diferenciar do fornecedor tradicional, que executa um briefing. A produtora business partner, ao contrário, mergulha no seu universo, participa de reuniões com as áreas técnicas, entende o papel de cada vídeo na estratégia de comunicação, alinha discurso, tom e propósito. Faz perguntas que muitas vezes nem o cliente pensou em responder: “Como esse vídeo pode ajudar no onboarding de novos operadores?”, “Que dúvidas os distribuidores mais têm sobre o produto?”, “Quais os KPIs que precisam ser influenciados por esse conteúdo?”.
Essa postura muda tudo. Porque criatividade, no contexto industrial, não é liberdade ilimitada, mas a capacidade de traduzir complexidade. É entender o que move o público interno e externo da sua empresa e construir uma narrativa audiovisual que dialogue com esses valores e necessidades, sem perder consistência técnica nem cair em lugares-comuns.
Sem esse mergulho no negócio, a produtora não enxerga as nuances. Não percebe que um vídeo de segurança patrimonial tem implicações legais. Que um conteúdo de ESG precisa conversar com critérios internacionais de governança. Que um treinamento de manutenção preventiva exige clareza visual, precisão técnica e adequação ao nível de instrução dos operadores. E por isso tantos vídeos acabam parecidos: mesmos bancos de imagem, mesmas frases prontas, mesmas fórmulas engessadas.
Agora, quando a produtora compreende o seu negócio, ela se torna parte da solução e não apenas da execução. Ela contribui com insights que extrapolam o vídeo. Sugere conteúdos complementares, pensa em versões adaptadas para públicos diferentes, ajuda a organizar a jornada audiovisual da sua marca com visão de longo prazo. Porque ela entende que o vídeo não é um fim em si, mas uma ferramenta de transformação, de cultura, de alinhamento, de vendas, de impacto.
Isso exige método, repertório e escuta ativa. Uma produtora business partner não chega com uma ideia pronta. Ela chega com perguntas. Ela não promete “melhorar a comunicação” sem entender onde estão os gargalos. E, acima de tudo, ela sabe que vídeos bons nascem do contexto. São moldados a partir da escuta, do entendimento profundo do negócio, das dores e das ambições de quem está do outro lado da mesa.
Portanto, se a produtora que você contrata ainda não entendeu o que torna a sua indústria única, ainda não andou pela sua planta, nem conversou com seu time técnico, cuidado. O risco de mais um vídeo que “poderia ser de qualquer um” é grande….e caro. Em um cenário competitivo, onde cada ponto de contato precisa comunicar com clareza e estratégia, não dá mais para produzir por produzir.
Valorize as produtoras que estão dispostas a conhecer o seu negócio. Que pensem junto. Que sejam extensão da sua equipe. Porque só assim você terá conteúdos que realmente representam sua marca, geram valor e constroem diferenciação no mercado.
